“Um momento bonito, forte, místico onde o povo mostra que é capaz, tem iniciativa, e que a liberdade do Lula é parte da conquista da luta”. Assim caracterizou o momento da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o dirigente do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra Roberto Baggio, em entrevista à Rádio Brasil de Fato.

Baggio disse que a esquerda brasileira viveu um momento especial da luta política e relatou a luta de quase 20 meses da Vigília Lula Livre.

“Ter partilhado esse momento depois de uma jornada de quase 600 dias de luta nos enche de energia. Temos consciência das tarefas que vêm pela frente, mas o combustível coletivo materializado ontem abasteceu a todos nós. Temos uma energia mais forte agora, que é o Lula”.

O dirigente do MST comentou que a Vigília vive um dia de “respiro”, de “alma lavada”. Segundo ele, com a tarefa inicial cumprida – zelar por Lula naquele espaço até sua libertação –, a experiência acumulada servirá de exemplo para o próximo período de lutas.

“Se a Vigília de forma política conseguiu organizar a resistência num bairro de Curitiba, em condições precárias, estruturou poder popular para realizar atividades políticas, formativas, de diálogo, recuperando a espiritualidade, a força da coletividade, se expandirmos isso para os milhões de brasileiros buscando recuperar as riquezas desse pais, acumulando jundo da ciência, reuniremos tudo isso num grande projeto nacional”, sinalizou.

Roberto Baggio afirmou ter visto Lula com o vigor de um jovem de 30 anos, frustrando o plano daqueles que o prenderam em perseguição política. “Foi uma tentativa de isolá-lo, deixá-lo longe do povo, de que se deprimisse e que esse fosse seu fim político. Do ponto de vista humano e intelectual, Lula provou ser um ser especial, com capacidade única, que o povo brasileiro traduziu nos últimos 50 anos”.

O dirigente também relatou o início da Vigília, no dia da prisão de Lula, em 7 de abril de 2018. “Tínhamos todo o aparelho do Estado, burguesia branca golpista do outro lado. No dia 7, tivemos a primeira batalha, fomos extremamente violentados, com bombas, gás, tiros. Depois de duas horas de violência e massacre, erguemos a Vigília Lula Livre numa decisão coletiva, um juramento de fé e de politica que criou esse espaço.”