Foto - Antonio Cruz/ Ag. Brasil

No segundo bloco do Mutirão Lula Livre, exibido em 30/05, o debate foi jurídico e sobre a atuação da imprensa. Para Carol Proner, jurista e professora da UFRJ, membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) e parceira na campanha Lula Livre, Sérgio Moro é responsável direto pelo governo Bolsonaro, através da atuação e perseguição que a Lava Jato impôs ao governo do PT.

https://youtu.be/k34JBipwUpM

A jurista considera que o ex ministro teve uma saída humilhante do governo, confessando crimes que precisam ser investigados.

“Entramos com representação no conselho de ética da Presidência da República, apontando três crimes diretos de Sérgio Moro: o pedido de pensão para a família, que não existe previsão legal, sendo claramente uma vantagem indevida; a promessa de indicação ao cargo para o STF; e atos ilícitos enquanto exerceu o mandato, pois ele afirmou que sabia os motivos das denúncias que fez ao sair do governo, ou seja, então devia ter denunciado enquanto era ministro. Moro tem que ser responsabilizado pelo mal que fez ao país”.

::: Assista à íntegra do Mutirão :::

Impeachment de Bolsonaro

Até agora já foram apresentados 38 pedidos de impedimento de Bolsonaro, um recorde para um ano de mandato. As fontes são variadas, de pessoas físicas, partidos e organizações sociais. O último pedido apresentado foi assinado por sete partidos de oposição e 400 entidades.

Carol Proner explica que é tão grave um impeachment sem crime de responsabilidade, como foi no caso de Dilma Roussef, quanto um crime de responsabilidade sem impeachment, como é o caso de Bolsonaro. “Temos que ter esse processo político porque é o mandamento da nossa Constituição.”

Ela cita os motivos que podem levar ao impedimento da chapa Bolsonaro-Mourão: as Fake News que garantiram a eleição, os vícios da campanha, que deveriam estar sendo julgados junto com o inquérito das Fake News, e a influência de Sérgio Moro e da Lava Jato que levou a esse resultado no pleito de 2018.

A divulgação da reunião ministerial do dia 22 de abril, é tida pela jurista como um “show de crimes de natureza política e engrossa o caldo do impeachment”.

Ela ressalta que as manifestações da sociedade vem crescendo e isso também é um termômetro para mostrar que é possível tirar Bolsonaro da presidência. “Vemos a sociedade se manifestando com abaixo assinados, a imprensa também tem se posicionado, vemos uma união para frente, vamos tirar Bolsonaro”, conclui.

A imprensa e a centro-direita rachadas no apoio ao governo

Na visão do jornalista Rodrigo Viana, há um racha político no Brasil nesse momento: a centro direita tradicional, com partidos como o PSBD, o Democratas, os setores financeiros, a rede Globo, e os empresários, além do Moro e da Lava jato, se aliaram ao neofascismo brasileiro, bem representado pelo bolsonarismo.

“Como viram que não dá mais para apoiar o Bolsonaro, a Globo protege a imagem do Moro porque ele pode ajudar a derrubar Bolsonaro, sem que isso represente uma vitória para a esquerda.”

Mas Rodrigo explica que na política econômica não há contradições: “Na cobertura da reunião ministerial do dia 22, a globo poupou o Paulo Guedes. Significa que eles continuam defendendo o mesmo projeto econômico.”

O jornalista também avalia que a saída de Moro do Ministério da Justiça, facilitou para a Globo bater em Bolsonaro. Além disso, o fato de as empresas retirarem seus jornalistas do cercadinho em frente ao palácio da Alvorada, também mostra que há um racha no bloco de apoio da imprensa a Bolsonaro. “A mídia toda apoiou o golpe contra a Dilma, que também esteve unida para defender a Lava Jato, o Moro e a prisão de Lula. Agora eles estão contra Bolsonaro, só restando o SBT e a Record no apoio ao presidente.”