Atos políticos e culturais se espalham pelo país na defesa da liberdade do ex-presidente

O uso de festivais de culturais como ato de protesto político e na defesa do ex-presidente Lula remonta a década de 1960, período que surge no Brasil um tipo de “canção politicamente engajada”, que viria a ser conhecida como “canção de protesto”. Originada entre os dissidentes nacionalistas da bossa-nova, entre eles Carlos Lyra, Nelson Lins e Barros, Sérgio Ricardo e Nara Leão, a “canção de protesto” ganharia ainda mais fôlego no período pós-golpe de 1964, especialmente através da figura de Geraldo Vandré.

A vertente seria ainda impulsionada por suas apresentações nos Festivais da Canção onde atingiria grandes massas. Desta toda forma, a intelligentsia revolucionária e ligada as artes e a cultura se manteve solidariedade com o povo, encontrando seu lugar ao lado do proletariado. “[…] a produção cultural, largamente controlada pela esquerda, estará nesse período pré e pós-64 marcada pelos temas do debate político. […] informando e delineando a necessidade de uma arte participante, forjando o mito do alcance revolucionário da palavra poética”, explica Heloisa Buarque de Hollanda.

Inundam as redes sociais nas últimas semanas, notícias de festivais sendo realizados por grupos organizados politicamente ou não, em defesa da liberdade do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva. São Paulo, Rio de Janeiro, Natal, João Pessoa e Distrito Federal planejam os seus atos para os próximos dias. Guarabira, na Paraíba, realiza o seu nesta sexta-feira, 17 durante todo o dia.

A iniciativa de organizar o Festival Lula Livre na cidade partiu do “Coletivo Camisetaço Lula Livre” no Centro de Humanidades do Campus III da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). O grupo é composto por mais de 100 pessoas entre estudantes, professores e funcionários.

Muitos músicos que seguem na ativa da cena cultural brasileira sofreram censura nesta época, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Odair José, que participa do próximo Festival Lula Livre em São Paulo, marcado para o dia dois de junho, em São Paulo, no Vale do Anhangabaú. Além de Odair josé, vários outros artistas já confirmaram presença, como Aíla, Alafia, Aline Calixto, Ana Cañas, Chico César, Felipe Catto, Gang 90, Marcelo Jeneci, Mombojó, Otto, Thaíde, Tiê, Unidos do Swing, Junio Barreto. Outras atrações estão prometidas para o evento.

Ações em todo canto

Comitê Estadual Lula Livre no Rio Grande do Norte (RN), a Brigada Djalma Maranhão/Bazar Lula Livre e o Comitê Artístico Lula Livre preparam o II Festival Lula Livre 2019, marcado para o dia 01 de Junho na capital com diversas atrações culturais da região. O grupo tem atuado desde as manifestações contra o golpe.

Em Campinas, acontece no dia 24 e maio, o Sarau Lula Livre. Organizado pela Geração Underground, grupo formado por rappers e apoiadores da cultura HipHop o evento é cultural e artístico, mas segundo os idealizadores “será um evento com um viés de crítica, porque não estamos contentes com a atual conjuntura nacional”, afirmam. Estão programadas atividade como leitura de textos e poesias, apresentação de grupos de rap, de B.Boys, e também batalha de Mc’s.

A iniciativa na eleição do ano passado, onde as pessoas foram para espaços públicos conversar com eleitores indecisos, e ficou conhecida como Vira Voto, é a inspiração do Mutirão Lula Livre, marcado para os dias 25 e 26 de maio. Os comitês vão às ruas em todo o país para explicar para a população os equívocos do processo injusto ao qual o ex-presidente está sendo vítima.
Os grupos encontram no site oficial da campanha jornais, vídeos, entrevistas, fotos entre vários outros materiais para subsidiar o trabalho.

Na próxima semana é Mutirão Lula Livre nas ruas

Em Belo Horizonte, o Coletivo Alvorada sobe o morro no dia 16 de junho, a partir de 12h, e encontra a comunidade do Conjunto Santa Maria, na quadra da Escola de Samba Cidade Jardim para a Feijoada do Alvorada Lula Livre. Segundo os organizadores será um momento de confraternização da esquerda mineira e de recarregar as energias da campanha Lula Livre. “Recarregar inclusive as energias econômicas, pois um dos objetivos é levantar fundos pra sustentar a luta do Coletivo Alvorada”, explicam. O evento contará com lideranças e atrações do mundo da música.

Várias grupos se organizam em torno da defesa do ex-presidente Lula, sua liberdade e inocência. Bazares, shows e leilões estão algumas das ações abraçadas pelos grupos. No dia 3 de abril, 43 fotografias doadas por diversos profissionais e assinadas por Lula arrecadaram mais de R$ 600 mil em um leilão, em São Paulo. Já o bazar realizado destinou a verba para a manutenção do acampamento democrático que resiste em Curitiba desde a prisão do ex-presidente.

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