Artigo assinado por representantes de PT, PCdoB, MST, PSOL e Instituto Lula foi publicado na Folha de São Paulo desta terça-feira, 03

Às vésperas do bicentenário da Independência, o presente e o futuro do Brasil estão sob grave ameaça. Os atuais governantes estão nos conduzindo em direção ao que éramos na década de 1920: um país primário-exportador, submisso a interesses estrangeiros, com reduzidas liberdades democráticas e a questão social sendo tratada como “caso de polícia”.

Os efeitos econômicos e sociais resultantes dessa ponte para o passado constituem o pano de fundo da disputa que se trava no país desde o golpe de 2016 contra a presidenta Dilma Rousseff. Para a turma do retrocesso, era preciso condenar, prender e tirar os direitos políticos do ex-presidente Lula, como parte de um roteiro que incluía entregar nossa indústria, concentrar riquezas, gerar desemprego para baixar os salários, cortar direitos sociais para sobrar mais para a especulação financeira, desorganizar a resistência reforçando o medo, as milícias, a repressão policial, os preconceitos e opressões.

A farsa judicial contra Lula – pilotada pelo ex-juiz Sergio Moro e pela Operação Lava Jato, com a complacência de setores do Judiciário, intenso apoio midiático, retaguarda da cúpula das Forças Armadas e assistência técnica dos EUA – foi parte importante desta operação contra a soberania, as liberdades e os direitos do povo brasileiro, abrindo caminho para a eleição fraudulenta de Jair Bolsonaro.

Lula enfrentou uma via crucis judicial por mais de cinco anos, sendo submetido ilegalmente a 580 dias de prisão. Não foi, no entanto, a única vítima desse conluio antidemocrático.

Cerca de 4,5 milhões de empregos, segundo o DIEESE, foram perdidos em decorrência das arbitrariedades cometidas pela Operação Lava Jato. Acabaram praticamente destruídas a indústria naval e as cadeias produtivas do petróleo, além de desmontado o setor de engenharia civil.

Até o golpe de 2016, o Brasil caminhava para comemorar os 200 anos de Independência de cabeça erguida. O país enfrentava desafios tão importantes como sair do mapa da fome, expandir o nível de emprego, financiar a educação e a saúde com as riquezas do pré-sal, ampliar o mercado interno e conquistar protagonismo internacional.

Atualmente, porém, o Brasil está esfacelado. Fomos destroçados pelo golpe, pela Lava Jato, por Moro, por Bolsonaro. Voltamos a registrar alta no número de pessoas em extrema pobreza. Temos o pior registro de desemprego já calculado, com 14,4 milhões a procura de trabalho. O pré-sal foi entregue de bandeja a empresas estrangeiras. Os trabalhadores e trabalhadoras perderam direitos históricos. Somos, disparados, o pior país no enfrentamento à pandemia, com quase 550 mil mortos, a maior parte resultado das ações e inações do governo Bolsonaro.

A libertação de Lula e a anulação de suas condenações, acompanhada pelo arquivamento de todos os processos, ainda uma batalha inconclusa, são bandeiras a serviço do futuro de todo o povo brasileiro.

A Campanha Lula Livre, movimento pela garantia dos direitos constitucionais do ex-presidente, também é uma trincheira na defesa de um país soberano, socialmente justo, democrático. Um Brasil livre da fome, do desemprego, da violência, do coronavírus e de Bolsonaro.

Vivemos momentos decisivos. A pátria amada verá que os filhos seus não fogem à luta.

Fernando Haddad (PT)

Jandira Feghalli (PCdoB)

João Paulo Rodrigues (MST)

Paulo Okamotto (Instituto Lula)

Valério Arcary (PSOL)