Lula representa esperança e não risco à economia, avalia economista
Ao contrário do que certos analistas de tradição liberal falam, Lula não representa nenhum “risco” à economia, mas, pelo contrário, pode ser justamente a “esperança” de um outro projeto de desenvolvimento, centrado na inclusão social, apontam especialistas. Esta semana, o economista Edmar Bacha, fundador do think thank de direita liberal Casa das Garças afirmou que “Lula é um risco à economia”.
Para debater esta inverdade, dialogamos com a economista da Unicamp Juliane Furno, do Levante Popular da Juventude e do podcast Três Por Um. Ela afirma que Lula, pelo contrário, representa esperança de um outro projeto de desenvolvimento, baseado no mercado de consumo de massas, incluindo o pobre na economia, no mercado interno e na redução do desemprego, que hoje avança sobre os lares brasileiros.
“Lula pode ser a esperança no sentido de constituir as bases para o fortalecimento de um programa de desenvolvimento centrado especialmente no mercado de consumo de massas, no mercado interno e na redução do desemprego, que hoje é o nosso principal problema social”, afirma a economista.
Para ela, o consumo é necessariamente o ponto de partida para a retomada do crescimento. “Então, um projeto que recoloque os pobres no orçamento, no mercado de consumo de massas é essencial inclusive como pré-condição para sustentar um modelo de crescimento alicerçado na variável mais importante, o investimento”, aponta Juliane.
Manipulação midiática universaliza interesses do “mercado”
Juliane Furno critica discurso ideologizado de Bacha por tentar apresentar as ideias e demandas do mercado financeiro como universais. Ela exemplifica que na mídia de massas, o tempo todo vemos a cotação do dólar e outros indicadores apresentados como vetores importantes na economia, enquanto para a maioria da população indicadores como a inflação e emprego são muito mais determinantes na vida real.
“O que o Bacha apregoado como risco à economia tem que ser lido como risco a um setor da economia, o setor financeiro. É muito comum que os interesses do setor financeiro se misturem e a grande mídia tenta fazer transpor os interesses do mercado, um setor muito pequeno da população, como interesses mais gerais da população”, denuncia Furno. No fim das contas, o risco pra eles é de ter que pagar mais ao trabalhador.
“O ‘risco’ aqui é de que os salários se elevem, é o risco que a taxa de lucro do empresariado diminua em função do aumento do custo do Trabalho, ainda que a massa possa aumentar porque quando cresce a economia cresce a massa de lucro”, explica a economista. Ela ainda denuncia que é a manutenção do desemprego que faz com que os empresários aumentem o seu lucro às custas da miséria e da redução do poder de compra do povo brasileiro.
Para o pobre, o orçamento. Para o rico, o imposto de renda.
Segundo a economista da Unicamp, inserir os pobres no orçamento, além de ser justo do ponto de vista social e corrigir o que parece ser o principal problema econômico do Brasil, que são as desigualdades, é motor para a retomada do crescimento econômico, ainda mais numa economia seguida de crises. Ela entra em consonância com o que tem pregado o ex-presidente Lula em diálogos políticos pelo país: incluir o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda.
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“Inserir os ricos no imposto de renda, principalmente via renda e via taxação de riqueza, que em grande medida está externada no patrimônio é uma condição que ao mesmo tempo desconcentra renda e riqueza, questão fundamental para a justiça social, e abre um espaço fiscal para que o Estado possa consolidar um conjunto de políticas públicas importantes, seja na distribuição de renda seja para que o estado possa ampliar o gasto social e suas funções empreendedoras, o que sustenta uma retomada menos desigual e mais sustentada da atividade econômica”, conclui Furno.