Num ataque à prática sindical, o Governo Dória ameaça despejar a sede do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, localizada na rua Serra do Japi, próximo ao metrô Tatuapé. O terreno onde foi erguida a sede dos Metroviários foi concedido pelo Metrô há mais de 30 anos e, agora, surpreendentemente através de uma carta, a gestão Dória e o Metrô notificaram o Sindicato para desocupá-lo em 60 dias e ainda anunciaram uma licitação de venda do mesmo.

“Os trabalhadores e as trabalhadoras do Metrô estão sofrendo uma ameaça muito séria, autoritária e antidemocrática. Uma prática anti-sindical gravíssima que é a ameaça que exerce o governo de São Paulo, do João Dória, e a direção do Metrô sobre a sede do Sindicato. Em 1991, foi erguido pelas próprias mãos dos trabalhadores o prédio que abriga a sede do sindicato”, explica Camila Lisboa, coordenadora geral do Sindicato dos Metroviários. “O IPTU do prédio é pago pela própria categoria”, acrescenta.

Camila diz que esta movimentação acontece justamente no momento da negociação salarial promovida pelo sindicato. “Isso acontece exatamente no mesmo período de negociações da nossa campanha salarial. Então, por um lado, eles estabelecem uma prática anti-sindical, que dificulta a resistência da categoria às ameaças que existem sobre nossos direitos e o acordo coletivo e, por outro lado, exercem uma prática anti-democrática de ameaçar o direito de organização sindical, que também se expressa na existência de uma sede onde os trabalhadores e trabalhadoras possam fazer suas assembleias, possam organizar suas lutas e atividades”, denuncia. 

O sindicato já mobiliza suas bases para resistirem. Há uma batalha para o adiamento do processo de licitação, marcado para 28/05. Durante audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) nesta terça-feira, 11, o próprio juiz desembargador solicitou ao Estado que adie a licitação para que a ameaça não contamine a discussão do acordo coletivo salarial. O deputado estadual, Emídio de Souza (PT) encaminhou requerimento de informação ao governador João Dória (PSDB) para cobrar esclarecimentos sobre a tentativa do Metrô de prejudicar o sindicato.

O prejuízo da ameaça se direciona ao conjunto da esquerda em São Paulo. “Quem conhece aquela sede, tem uma quadra grande, já viu muitos campeonatos esportivos, muitas atividades festivas da comunidade e, apesar de ser um sindicato específico, é uma sede que, com muito orgulho, já recebeu atividade de todo o movimento social da cidade de São Paulo. Aquele prédio é uma referência para organização da esquerda paulistana e das lutas”, define Camila Lisboa. O Encontro Nacional Lula Livre, em março de 2018, marco da nacionalização da Campanha, aconteceu no Sindicato.