Benjamin Steinmetz é o novo cliente do ex-juiz e agora advogado Sergio Moro. Ele foi contratado por R$ 750 mil para emitir parecer sobre um litígio internacional em que o empresário é acusado de subornar autoridades da Guiné para explorar, junto com a Vale, a reserva de ferro de Simadou. Moro segue do lado da antiética.

A Vale acusa o empresário israelense de ter enganado a empresa e levado o negócio ao fracasso. Steinmetz já foi preso em 2016 por isso, numa operação coordenada entre EUA e Israel.

No Brasil, já se sabe o quão nocivo significa a exploração mineral predatória, a exemplo das tragédias criminosas envolvendo a Vale em Brumadinho e Mariana.

Diversos países da África, como Serra Leoa, onde a empresa de Benjamin Steinmetz possui minas de exploração de diamante, também estão marcados por crimes ambientais e destituição de direitos das populações atingidas pela mineração, muitas vezes gerando processos de distúrbios políticos nos territórios. 

Choca ainda mais ver que o ato de corrupção foi para criar esta situação cruel. Essas minas ficaram conhecidas pela expressão “diamantes de sangue” – o valor das pedras preciosas era usado para comprar armas de milícias que controlavam a região, alimentando um ciclo de violência.

Steinmetz também é alvo da Justiça na Suíça (onde foi preso), nos Estados Unidos e em Serra Leoa por ações que envolvem lavagem de dinheiro, sonegação de impostos, violações de direitos humanos e à legislação ambiental. 

O empresario cliente de Moro é um dos homens mais ricos do planeta, de acordo com a revista Forbes. Ele também é dono da gigante Cunico Resources, que opera projetos de mineração na região dos Balkans.

Além de ser preso em Israel em 2017 por utilizar contratos falsos e lavar dinheiro no caso da Guine, Benjamin foi o responsável por um prejuízo de 150 milhões de euros num acordo com o príncipe da Romênia para exploração do ferro do país africano.

Com a falsa pecha de arauto anticorrupção, a máscara do ex-juiz Sergio Moro vai, cada vez mais, despencando.

Os processos conduzidos por Moro contra Lula, sua aliança política com Bolsonaro e, agora, a emissão de um parecer para justificar a corrupção geradora de caos social e ambiental em países da África mostram que a ética nunca foi uma premissa para o ex-juiz e que sua verdadeira face desvelada mais aparenta um vilão do que a do herói propagado pelos meios corporativos de comunicação.