Arte - Militão

Não foi por falta de aviso. Além de voltar a figurar no Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil enfrenta uma situação calamitosa na alta do preço dos alimentos como há muito não é vista, expressa pelo preço do arroz nas prateleiras dos supermercados. O processo que desencadeia neste estouro na inflação, particularmente atingindo a mesa das famílias brasileiras, tem origem no Golpe que destitui Dilma e prendeu Lula.

Composto por forças do agronegócio, o Golpe midiático-parlamentar que derrubou Dilma e tirou Lula do caminho para vitória de Bolsonaro atingiu em cheio a agricultura camponesa, grande produtora de alimentos para o consumo interno. Soma-se a isso a completa destruição da Companhia Nacional de Alimentação e Abastecimento (CONAB) desde 2016 e chegando ao ponto de em 2020, sob Bolsonaro, o estoque de feijão ser de irrisórios 60kg.

“As elites que deram o golpe não estão nem um pouco preocupadas com o Brasil”, afirma o dirigente do MST Luiz Zarref. “Plano safra não tem mais para agricultura familiar, não tem mais assistência técnica, não tem mais Educação do Campo. Tem um impacto pela falta de políticas públicas, o que desestrutura a agricultura familiar, que vai deixando de produzir as coisas por falta de condição. Impacta quem produz 70% feijão, 46% milho e cerca de 40% arroz”.

Outro fator, para Zarref, foi a desestruturação sistemática da CONAB, uma das maiores empresas públicas do mundo de abastecimento e que regula os estoques de produtos alimentícios no Brasil. “Temos a situação vexatória de hoje os últimos dados indicam que há de estoque na CONAB, no Brasil, apenas 60kg de feijão”. Também com a alta do dólar, o agronegócio lucra mais com a exportação e deixa de privilegiar o mercado interno, ou vende mais caro aqui.

Ao olharmos o gráfico fica evidente a destruição desde 2016 da principal política de aquisição de alimentos da agricultura familiar e camponesa, o PAA.

Luiz Zarref alerta que toda essa dinâmica tem levado a um aumento de terra para o agronegócio. “O ataque à agricultura familiar e camponesa, o ataque aos territórios indígenas e quilombolas e o estímulo à grilagem e ao desmatamento faz o agronegócio crescer cada vez mais, incorporando áreas para produção de commodities onde antes se produzia alimento.” A crise alimentar que atravessamos conjuga estes vários fatores e tem sua origem bem localizada no Golpe.

A esperança  vem dos que lutam pela Terra

Para Zarref, a Reforma Agrária Popular se torna uma medida fundamental para a questão social para aqueles que estão Sem Terra, precisam de um pedaço de terra para trabalhar. Mas ela é fundamental para os trabalhadores que estão na cidade, porque os alimentos vão ficar cada vez mais caros e de pior qualidade, gerando mais gente obesa e ao mesmo tempo desnutrida.

“A Reforma Agrária Popular é fundamental para o Brasil. Cada vez mais o agronegócio vai produzir para a cadeia global da soja, da cana, do milho, do algodão e da carne. Quem vai produzir alimento e quem já produz? Nós, a agricultura camponesa”, conclui o militante do MST.