Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

No programa desta Observatório da Coronacrise quarta-feira, 03, os impactos da pandemia na região amazônica foram analisados e debatidos pela economista Esther Bemerguy, ex-secretária do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República (2004-2011) e ex-secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento (2012-2014) e pelo senador, ex-prefeito de Rio Branco e ex-governador do Acre, Jorge Viana, com intermediação da diretora da Fundação Perseu Abramo, Jéssica Italoema. Os debatedores destacaram os efeitos devastadores da Covid-19 entre a população indígena e ribeirinha: na Amazônia são registradas 32 mortes para cada 100 mil habitantes pela Covid-19.

Esther destaca que “a crise está descontrolada no país, não há gestão da crise. Temos um governo negacionista e numa região que já é marcada pela desigualdade como a Amazônia será mais impactada“.

O desmonte das estruturas e dos programas de saúde específicos para atender as populações indígenas na região amazônica foi apontado tanto por Esther como por Jorge como um dos fatores para o agravamento da doença, com mais pessoas contaminadas e mais mortes. “É uma vergonha este governo”, afirma. A divergência entre os indicadores apresentados pela Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) e das associações e entidades de proteção indígenas sobre contaminação e número de mortes nas aldeias e povoados é um dos resultados deste desmonte do sistema patrocinados ativamente pelo governo Bolsonaro.

Esther mostra também que com o fim de programas como o Mais Médicos que atendia os distritos mais afastados da Amazônia, os indígenas e ribeirinhos buscam os hospitais nas cidades maiores, e acabam se contaminando com a Covid-19.

Provocados a pensar, por Jéssica Italoema, quais seriam as saídas para a região da Amazônia após a pandemia, Jorge Viana indicou que as cadeias produtivas de fármacos e produtos cosméticos e de higiene terão um crescimento maior em relação a outros setores. “Imagine a importância da região amazônica para o complexo de saúde”, afirma Viana, e lembra que com a devastação ambiental, as pandemias como a de Covid-19 serão cada vez mais frequentes no mundo. Conter o desmatamento, reativar a aplicação dos recursos destinados à região para este combate, como Fundo Amazônia são ações urgentes que este governo atual não tem condições de executar, destaca ainda o ex-governador. “Vamos ter que reconstruir o país e na Amazônia teremos que fazer diferente, pensar diferente”

Esther afirma que para superar toda esta crise o movimento é de tirar Bolsonaro do governo, o mais rápido possível, para executar programas de renda, de trabalho e retomar a organização das pessoas nas comunidades amazônicas. “Já tivemos estes movimentos nos governos Lula e Dila e temos que recuperar isso.”

Confira o programa.