Foto - João Ripper

As ações de solidariedade neste 17/04 marcam o Dia Internacional de Luta pela Terra. Trabalhadores e trabalhadoras rurais do MST e da Via Campesina historicamente realizam atividades em memória das vítimas do Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido nesta data em 1996.

Em 17 de abril de 1996, a cidade de Eldorado dos Carajás, no Sudeste do Pará, presenciou um dos maiores massacres da história da luta camponesa no mundo. Naquele dia, a Polícia Militar do Estado, enviada para desobstruir a rodovia BR 150, promoveu um massacre contra camponeses do MST. Foram 21 pessoas mortas.

Seguindo as orientações da OMS (Organização Mundial da Saúde), o MST realiza ações de solidariedade com doações de alimentos em todo país. Já estão previstas a distribuição de alimentos, cultivados e produzidos em assentamentos do MST em 24 estados – a maior parte, em cidades do interior.

No Pará, onde ocorreu o massacre há 24 anos, os camponeses irão realizar doações de alimentos e atividades em todos os acampamentos e assentamentos do Movimento.

As ações de solidariedade para aqueles que mais precisam ocorrerá na capital Belém, com doações no bairro da terra firme em parceria com outras organizações e movimentos. Em Marabá será entregue alimentos pro lar para idosos São Vicente.

Também haverá manifestação na Curva do S, lugar onde ocorreu a chacina.

O Movimento destaca a ação como “Solidariedade de Classe, do apoio mútuo entre trabalhadores e trabalhadoras, que sofrem de forma mais agravada os efeitos da crise aprofundada pela pandemia do Covid-19”, ressalta Ayala Ferreira, da direção do Movimento.

Nas demais capitais, haverá doações de alimentos em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife e São Luís.

O Massacre

Sob o comando do coronel Mario Colares Pantoja e do major José Maria Pereira de Oliveira, por volta das 17h do dia 17/04/96, os 155 policiais envolvidos abriram fogo contra os Sem Terra. Entre os 21 mortos, alguns apresentavam marcas de pólvora em volta dos furos das balas, indicando tiros à queima roupa. Outros foram mutilados com facões e foices. Foram 19 mortos naquele dia e outras duas pessoas morreriam em consequência dos ferimentos sofridos durante o massacre. Ao todo, 69 pessoas ficaram feridas. Muitos convivem com balas alojadas no corpo até hoje, além do trauma e de pesadelos todas as noites.

Os responsáveis políticos na época, o então governador Almir Gabriel (que ordenou a desobstrução da rodovia) e o secretário de Segurança Pública,  Paulo Sete Câmara (que autorizou o uso da força policial), nunca foram processados. Dos 144 policiais levados ao banco dos réus, apenas dois foram condenados. Coronel Mario Colares Pantoja e o major José Maria Pereira Oliveira que foram condenados e receberam benefícios de recorrer em liberdade.

A violência permanece no campo e o dia 17 de abril tornou-se o dia mundial de luta por Reforma Agrária.

Publicado originalmente na Página do MST.