Jean-Luc Mélenchon, político que obteve 19,6% dos votos no primeiro turno das eleições francesas de 2017, visitou o ex-presidente Lula (PT) em Curitiba (PR) na tarde desta quinta-feira (5) e criticou a atuação política do Poder Judiciário brasileiro. “[O ex-juiz Sergio] Moro é conhecido

como uma personalidade política corrompida”, disse após o encontro na Superintendência da Polícia Federal.

Líder do movimento França Insubmissa – em francês, La France Insoumise –, fundado em fevereiro de 2016, conversou com os integrantes da Vigília Lula Livre: “O povo brasileiro é vítima. É preciso que Lula saiba que não está sozinho (…) A força que tem vocês, o povo, em suas lutas, quero que saibam que [ecoa] no mundo inteiro, até o último rincão, até o mais isolado dos lugares. Quando há qualquer pessoa que luta, mesmo que esteja isolada, é isso que nos une como irmãos”, declarou.

Resistência internacional

Para o militante francês, Lula é símbolo de perseguição política, como ocorre com várias lideranças de esquerda pelo mundo. O próprio Mélenchon responde nos próximos dias a processos por “desacato, resistência e rebeldia”, após ter sido identificado como liderança do campo popular em uma França marcada por rebeliões.

O ex-ministro Fernando Haddad, candidato à Presidência em 2018, conversou com Mélenchon em Curitiba e anunciou que pretende fortalecer um movimento internacional contra o chamado lawfare, ou “guerra jurídica” com fins políticos. “Discutimos com o presidente Lula a guerra judicial que se espalha pelo mundo todo. Tentam instrumentalizar o Judiciário”, disse.

O ex-candidato francês disse estar impressionado com o ânimo de Lula e ironizou a forma de perseguição judicial aplicada no Brasil: “Lula me atualizou sobre o próprio processo. Está condenado por fatos indeterminados!? Não há limite para o uso da justiça em processo político. Até [Joseph] Stálin faria melhor”.

Mélenchon visita Espaço Marielle Franco

Após a passagem pela Vigília, Mélonchon e Haddad visitaram o Espaço Marielle Franco de Formação e Cultura, que faz parte da Vigília Lula Livre e está localizado a cerca de 70 metros da Superintendência da Polícia Federal, onde o ex-presidente Lula está preso desde 7 de abril de 2018.

A visita ocorreu no momento em que a plenária do espaço de formação recebia o curso de formação “Sim, eu posso”, que reúne cerca de 30 educadoras do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (PR) de todo Paraná.

Roberto Baggio, da direção nacional do MST, apresentou o espaço: “Este é um ambiente educativo, formativo, para potencializar a solidariedade e o internacionalismo. Tudo aqui foi feito com trabalho voluntário e coletivo”, ressaltou.

O curso “Sim, eu posso” é inspirado no método cubano de alfabetização e pretende avançar na superação do analfabetismo nos territórios do Movimento e na periferia de Curitiba.

por Pedro Carrano, do Brasil de Fato

Edição: Daniel Giovanaz/ Brasil de Fato

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