Em entrevista ao site Sul21, o ex-presidente falou sobre o relacionamento promíscuo entre o ministro Sergio Moro e procuradores da Lava Jato . O restante da matéria será publicado em partes pelo portal do Rio Grande do Sul.

São Paulo – “Moro está se transformando em um boneco de barro. Ele vai desmilinguir (…) porque inventaram uma grande mentira para me colocar aqui aonde estou e, agora eles têm que passar a vida inteira contando dezenas de mentiras para tentar justificar”, disse o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele concedeu uma entrevista hoje (2) para o jornalista Marco Weissheimer, do portal Sul21.

A primeira parte da entrevista foi divulgada no início da noite da entrevista. Nela, Lula fala sobre o escândalo que ficou conhecido como Vaza Jato. Conversas do ex-juiz, hoje ministro da Justiça, Sergio Moro, e procuradores da Lava Jato revelam um conluio entre acusação e julgador. As orientações de Moro aos procuradores foram no sentido de prejudicar o ex-presidente, como defende: “Moro, você é mentiroso. Dallagnol, você é mentiroso. Os delegados que fizeram o inquérito são mentirosos. Sei que é duro falar isso. É uma briga minha, de um cidadão de mais de 70 anos de idade contra o aparato do Estado”.

O ex-presidente defende que a articulação teve como objetivo concretizar um projeto de poder. “Não era possível dar o golpe na Dilma e deixar o Lula ser candidato a presidente em 2018. Não fechava. Era preciso tirar o Lula da jogada. Então, inventaram essa quantidade enorme de mentiras (…) A Lava Jato é uma operação que se transformou em partido político”, disse.

Papel da mídia

Tal “partido”, defende Lula, teve um aliado essencial nesta construção. “A Globo se apoderou da Lava Jato em um pacto que fez com Dallagnol e Moro. Todas as mentiras que contavam eram transformadas em verdades no Jornal Nacional”, disparou.

O papel da Rede Globo neste conluio, para Lula, ainda continua, quando a rede tenta desqualificar o trabalho dos jornalistas responsáveis pela Vaza Jato. Em especial, o ganhador do prêmio máximo do jornalismo mundial, Pulitzer, Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil. “A Globo faz um esforço incomensurável para manter a ideia do que os vazamentos são falsos, são hackers. Ela não se preocupou quando ela divulgava vazamentos ilícitos que o Dallagnol e a Moro passavam para ela. Minha família que o diga.”

Combate à corrupção

Lula reafirmou que tem interesse no combate à corrupção, mas que não é o caso sobre ele. “Tentam passar para a sociedade a ideia de que quem critica o Moro é contra investigar corrupção. Porque o Moro combateu a corrupção. Acho que temos a oportunidade de colocar as coisas em dia. Primeiro, um juiz não combate corrupção. Quem combate a corrupção é a polícia. O Ministério Público acusa e o juiz apenas julga.”

A ideia, reforçada, é que, na Justiça, cada caso deve ser individualizado. “O juiz não deve julgar com base na cara do réu, deve julgar com base nas informações que ele tem nos autos do processo. Neste caso, não falo no conjunto da Lava Jato porque, se alguém roubou, tem que estar preso. Foi para isso que o PT criou todos os mecanismos jurídicos para colocar ladrão na cadeia. Então, agora tentam salvaguardar o comportamento do Moro e da força-tarefa acusando quem são contra eles de favoráveis à corrupção. O dado concreto é que estou falando do meu caso”, completou.

Fonte: Rede Brasil

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