Mídia lucrou com vazamentos e beneficiou setores do Judiciário, afirma Greenwald
O premiado jornalista Glenn Greenwald, editor-chefe do The Intercept Brasil, gravou nesta quarta-feira (27) sua participação no Entre Vistas, da TVT, que vai ao ar na quinta-feira (29), às 22h. “Profissional combativo”, como apresenta Juca Kfouri, mediador do programa semanal. Na pauta, diálogos sobre o escândalo que ficou conhecido como Vaza Jato, a parcialidade de parte do sistema de Justiça do Brasil, as influências norte-americanas na política nacional e o papel da mídia nesse processo, entre outros temas. Além de Juca, participam da edição as também jornalistas Vanessa Martina Silva e Eleonora de Lucena, da revista Diálogos do Sul e da Tutaméia TV, respectivamente.
Um dos pontos altos da entrevista foi a avaliação – dura e esclarecedora – sobre o papel da imprensa comercial no processo político dos últimos anos, com consequências como criminalização da política, antipolítica, ascensão da extrema-direita e judicialização parcial dos processos envolvendo Executivo e Legislativo.
Glenn lembrou que, durante muito tempo, o jornalismo praticado pela mídia tradicional brasileira resumia-se a receber conteúdo vazado da Operação Lava Jato, o que se mostrou um modelo extremamente lucrativo. “No Jornal Nacional, o (William) Bonner (apresentador) apenas falava o que tinha recebido da força-tarefa, com uma audiência enorme, sem nenhum trabalho jornalístico. Atuavam como parceiros”. O jornalista conclui que, na prática que, além da ideologia política defendida e de escolher quem apoiar e quem derrubar, a parceria entre a grande imprensa e certos setores do Judiciário envolvem também um grande interesse comercial.
Moro, juiz bolsonarista
No programa, Glenn mostra ainda que a influência midiática em cima da Lava Jato resultou na criação de uma imagem que teve imenso alcance nacional, a de “super-herói”, papel que foi construído em torno do então juiz responsável pela Lava Jato em Curitiba, Sergio Moro, hoje ministro da Justiça e da Segurança Nacional de Jair Bolsonaro (PSL).
Agora, a Vaza Jato revela que Moro não atuou de forma ética nos processos. Perseguiu adversários, privilegiou “amigos do rei” e formou conluio com a investigação, entre outros problemas relatados pelo The Intercept, e veículos parceiros pontuais como a revista Veja, a Folha de S.Paulo, e o El País, entre outros.
Mesmo com o apontamento, a imagem de Moro parece ainda resistir, principalmente pois segue como ministro de Bolsonaro. Para Glenn, é uma questão de medir os tempos deste processo. “A imagem de Moro foi construída como herói sem desafios. Durante cinco anos, a mídia aplaudiu tudo do Moro. Mas mesmo a Veja, que fez isso, hoje é nossa parceira (…) Em dois meses é difícil abalar uma imagem construída em tanto tempo. Moro ainda é ministro, mas é uma figura mais fraca. As mudanças são sutis”, disse.
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