#TBT: Há um ano, Bebianno revelou que Moro dialogava com Guedes para entrar no governo enquanto era juiz
Um fato para ser relembrado nesta quinta-feira. Há um ano, o ex-ministro de Bolsonaro, Gustavo Bebianno (morto em março de 2020 após um repentino infarto fulminante) revelou que Moro já dialogava com Paulo Guedes para compor o governo ainda quando era o juiz responsável pela Lava Jato.
Este “toma lá, dá cá” revela, para além de outras evidências, o interesse político de Moro na condenação de Lula, sentimento que permeou toda sua conduta nos processos da Lava Jato contra o ex-presidente. Este argumento da defesa de Lula está no Habeas Corpus que espera há mais de dois anos para ser pautado e julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).
Releia há um ano:
O ex-ministro da Secretaria-Geral da República Gustavo Bebianno afirmou que o ex-juiz Sérgio Moro teve pelo menos cinco encontros com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, antes do resultado da eleição presidencial. A entrevista foi concedida ao jornalista Fabio Pannunzio.
Bebianno contou que aliados tiveram um encontro na casa de Bolsonaro no dia do segundo turno. “Paulo Guedes me chama e diz ‘quero conversar com um você um negócio importante’. Ele me contou já tinha tido cinco ou seis conversas com Sérgio Moro e que Moro estaria disposto a abandonar a magistratura e aceitar o desafio como ministro da Justiça”, disse o ex-ministro.
Depois de aceitar o convite, Moro foi oficalizado como titular da Justiça e Segurança Pública, que demonstrou claramente a sua intenção de interferir na eleição ao liberar a delação premiada do ex-ministro Antonio Palocci há uma semana do primeiro turno do pleito presidencial.
O ex-juiz vê seu desgaste cada vez maior desde junho, quando começaram a ser divulgadas pelo Intercept Brasil as irregularidades da Operação Lava Jato. Moro interferir no trabalho de procuradores, o que fere a equidistância entre quem julga e quem acusa.
De acordo com uma das reportagens do Interpet, em parceira com a Veja, o ex-juiz pediu o acréscimo de informações na elaboração de uma denúncia contra Zwi Skornicki, representante da Keppel Fels, estaleiro que tinha contratos com a Petrobras para a construção de plataformas de petróleo.
Moro também sugeria a inversão da ordem das fases da Lava Jato e chegou a questionar a capacidade de uma procuradora em interrogar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado sem provas para não disputar a eleição. Inclusive, uma das reportagens apontou que o procurador Deltan Dallagnol duvidava da existência de provas contra o ex-presidente no processo do triplex em Guarujá (SP).
Publicado originalmente no Brasil 247.