Foto: Wellington Leno

Com o lema: “Cultivando Solidariedade para Alimentar o Povo”, a campanha Natal Sem Fome do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já iniciou a arrecadação de recursos para doação de alimentos e para a realização de ceias populares que vão alimentar famílias vulneráveis em todas as grandes regiões do país.

As cestas estão sendo preparadas com alimentos produzidos em assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária Popular, na perspectiva de garantir uma quantidade suficiente para alimentar uma família de quatro pessoas por um mês e tem um custo médio de R$300 cada. Mas qualquer valor arrecadado contribuirá com as doações.

A solidariedade é uma prática que está enraizada na base social do Movimento Sem Terra desde sua fundação, porém com a volta do Brasil ao mapa da fome, afetando 5 em cada 10 lares, as ações solidárias nunca foram tão necessárias. Com isso, somente durante a pandemia de Covid-19, desde o ano passado, o MST já doou mais de 5 mil toneladas de alimentos e 1 milhão de marmitas em periferias urbanas e rurais do Brasil.

“A prioridade da campanha é atender pessoas em situação de rua, cozinhas comunitárias nas periferias, ocupações urbanas de famílias desempregadas e comunidades indígenas” – afirma João Pedro Stedile, da coordenação nacional do MST. Mostrando na prática mais uma vez, que comida de verdade são os alimentos produzidos pela agricultura familiar camponesa e não pelo agronegócio que bate recordes de lucro às custas de uma nação faminta.

A campanha em sua edição especial de ação solidária natalina acontece entre os dias 10 de dezembro até 6 de janeiro. Segundo o teólogo Leonardo Boff, que integra a rede de apoiadores(as) da iniciativa, a ação: “Não se trata só de dar o alimento, mas de oferecer os alimentos produzidos pelos camponeses. Então ajudamos os dois: os que estão plantando e aqueles que estão consumindo. Vamos ser solidários, que este natal seja o nascimento em nós desta virtude que é a mais humana de todas”.

Como doar

Para contribuir com a campanha, basta enviar aporte para:

Caixa Econômica
Ag.: 1231 CC.: 2260-1 OP: 003
CNPJ: 11.586.301/0001-65
PIX: campanha@institutocultivar.org.br

Pacto nacional contra a fome – “Comer é um ato político!”

O marco de início das entregas das cestas será marcado por grandes mobilizações de doações de alimentos e denúncias contra a fome que ecoarão nas ruas, em conjunto com as mobilizações pelo “Fora Bolsonaro” e suas políticas de morte contra o povo, que tomarão as ruas no próximo dia 10.

A mobilização da campanha faz parte da agenda de uma frente nacional contra a fome, formada pelo MST em conjunto com diversos movimentos, organizações e entidades que praticam o enfrentamento contra a fome e a insegurança alimentar.

Durante reunião do comitê gestor da frente na “I Plenária Nacional Contra Fome”, realizada em evento online, na tarde desta sexta-feira (26), agentes que estão na linha de frente contra a fome nas comunidades relatam que estamos vivendo um momento tão crítico no quadro de insegurança alimentar, que as famílias narram que não tem consigo alimentos nem mesmo nos lixões.

Os agravamentos dessa crise, estão ligados desde a questão da falta de subsídios ao campesinato, gestão pública e como isso tudo repercute tanto no campo quanto na fome crescente também nas cidades, pontuaram em análise coletiva programando um calendário extenso de ações para este e o próximo ano.

“Frente ao desmantelamento de políticas públicas de assistência social, desmantelamento do estoque público de comida, como é o caso da CONAB [Companhia Nacional de Abastecimento] e todos esses outros temas que estão relacionados”, lembrou Kelli Mafort da Direção Nacional do MST, durante a plenária.

Para além da doação de alimentos em si, o comitê gestor dessa frente tem buscado dialogar com sua base social sobre como o desmonte das políticas de subsistência e soberania alimentar, que vêm sendo promovidos pelo governo Bolsonaro, somam a urgência de enfrentar os desafios de superá-los enquanto força popular e organizada com os distintos setores da sociedade.