Conheça o currículo nefasto da Capitã Cloroquina, que atacou Mais Médicos e hoje depõe à CPI do Genocídio
A médica cearense Mayra Pinheiro depõe nesta terça-feira, 25, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19. Alçada ao cargo de secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, a pediatra foi apelidada de “Capitã Cloroquina” por sua incisiva defesa do uso do medicamento sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Na CPI, ela terá o direito de permanecer em silêncio se assim desejar.
A pediatra integrou a “comitiva” de médicos enviada a Manaus pelo ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, em janeiro deste ano, para difundir o uso da cloroquina e outras substâncias sem eficácia contra a Covid-19. Em meio ao colapso no sistema de saúde da capital amazonense, o grupo rodou hospitais da cidade para defender o uso da substância por pacientes infectados.
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A “força-tarefa da cloroquina” enviada a Manaus contou com cerca de dez médicos, entre infectologistas, oncologistas e até mesmo dermatologistas. Mayra, inclusive, chegou a assinar um ofício pressionando a secretaria de Saúde de Manaus a adotar o chamado “tratamento precoce” contra a doença.
Mais Médicos
Ao longo de sua trajetória na política, Mayra Pinheiro ficou conhecida por fazer duras críticas ao programa Mais Médicos, lançado pela ex-presidenta Dilma Rousseff em 2013 com o objetivo de aumentar o número de profissionais de saúde em municípios do interior e periferias.
Em agosto de 2013, imagens da agência FolhaPress mostraram um grupo de médicos brasileiros hostilizando cubanos em sua chegada ao Aeroporto de Fortaleza (CE). Os profissionais da saúde foram recebidos com gritos de “escravos” pelos profissionais brasileiros. Entre os médicos cubanos atacados, estava Juan Delgado, reconhecido por atuar em missões humanitárias no Haiti.
Na época, Mayra foi acusada de ter participado do ato. Em entrevista ao jornal O Globo, no entanto, a médica cearense negou a presença na manifestação, mas confirmou a sua participação em outro protesto na Escola de Saúde Pública do Ceará contra o Mais Médicos.
Como secretária de Gestão do Trabalho do Ministério da Saúde no governo Bolsonaro, Mayra é quem hoje responde pelo programa Mais Médicos, assim como por políticas públicas de gestão, formação e qualificação dos trabalhadores da área da saúde.
As críticas ao Mais Médicos, inclusive, foram o mote da campanha de Mayra ao Senado pelo PSDB, em 2018, e à Câmara, em 2014. A médica não se elegeu em nenhuma das duas tentativas. Quando disputou o cargo de deputada federal, no entanto, terminou o pleito como segunda mais votada do PSDB, com 25,8 mil votos.
Em março de 2015, Mayra assumiu o comando do Sindicato dos Médicos do Ceará (Simec), período em que liderou movimentos contra o governo federal.
Cloroquina
Durante a pandemia da Covid-19, a médica chamou atenção no governo Bolsonaro por sua defesa da cloroquina. Em vídeo compartilhado nas redes sociais em maio do ano passado, Mayra afirmou que quem não receitasse os medicamentos do “kit Covid”, poderia ser acusado de “crime contra a humanidade”.
A pediatra também esteve por trás da criação do aplicativo TrateCov, lançado em Manaus na época em que a capital amazonense enfrentava seu pior momento na pandemia. Segundo Mayra, a ferramenta serviria para auxiliar o diagnóstico dos doentes. Na prática, no entanto, o aplicativo prescrevia cloroquina para qualquer pessoa, independente da idade ou condições de saúde.
Renova BR
Em fevereiro de 2018, Mayra Pinheiro foi selecionada para receber um auxílio de até R$ 12 mil para participar de curso de formação em política do movimento Renova Brasil (Renova BR). O grupo é financiado pelo apresentador Luciano Huck.
A ideia do movimento é formar os participantes para concorrer a cargos eletivos no país. Nas eleições de 2018, 17 pessoas formadas pelo Renova BR foram eleitos para cargos no Congresso Nacional e em Assembleias Legislativas.
Fake news contra Fiocruz
Além das críticas ao programa Mais Médicos, Mayra também ficou conhecida por difundir informações falsas sobre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por produzir a vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19.
Em áudio divulgado pela revista Piauí, a médica diz: “Tudo deles (da Fiocruz) envolve LGBTI. Tem um pênis na porta da Fiocruz. Todos os tapetes das portas são a figura do Che Guevara. Nas salas, tem figurinhas de ‘Lula Livre’ e ‘Marielle Vive’”.
Da Revista Fórum.