Lula fez um discurso contundente no Dia da Consciência Negra, na última sexta-feira, 20. Ao contrário de Bolsonaro, que afirmou ser daltônico para destilar seu racismo contra o povo negro, Lula ressaltou a importância histórica daqueles e daquelas que lutaram contra a escravidão no Brasil e dos que resistiram após a falsa abolição e a necessidade permanente de uma democracia antirracista, para efetivar a soberania do nosso país.

Destacamos os pontos que fazem este discurso ecoar para os anais da História. Leia abaixo e compartilhe em suas redes:

1. Uma data comum a todos os brasileiros, negros ou não

Lula afirma que o dia 20 de Novembro não é uma data para ser celebrada pelos negros apenas, mas por todo o povo brasileiro. “Há uma grande África no coração do Brasil”, ressalta Lula ao valorizar a influência do povo negro para a formação do pais. Para ele, o racismo nos impede de enxergar o comum no diferente.

2. A escravidão ainda nos choca como nação

Ao visitar o porto da Ilha de Goreé, na Costa do Senegal, Lula diz ter sentido na pele e não segurou a emoção ao pensar no sofrimento de mais de três séculos de tráfico de homens e mulheres escravizadas. Segundo se informou em suas leituras durante o cárcere, “uma média de 14 cadáveres eram jogados todos os dias nas travessias do Atlântico, isso por 350 anos de tráfico negreiro”.

3. Brasil tem dívida histórica com países africanos

O Brasil foi o principal destino dos negros escravizados trazidos da África para as Américas. Foi também o último país a acabar com o tráfico negreiro e o último país a abolir a escravidão, somente em 1888. Enquanto era presidente, Lula fez um pedido oficial de desculpas aos países da África e aos africanos.

4. O esquecimento ajuda a perpetuar as desigualdades

Não podemos esquecer toda essa história , apesar de que já tentaram e tentam isso a todo momento, como bem lembrou Lula ao recordar a eliminação de documentos que narravam a escravidão, ordenada por Rui Barbosa. A abolição inacabada “deixou marcas estruturais e está na base de um longo processo de desigualdades e discriminação”. Hoje, segundo o IBGE, ⅓ dos negros vivem abaixo da linha da pobreza. “Pobreza e desemprego tem cor”. As mulheres negras são as mais atingidas pelo processo estrutural de desigualdades, alcançando grande disparidade de remuneração em relação a homens brancos.

5. Resistência do povo preto precisa ser valorizada e celebrada

Para Lula, esta data que marca a morte de Zumbi dos Palmares, após anos de resistência, nos serve para enaltecer a luta do povo preto, que resistiu e forjou sua libertação do cativeiro e ainda hoje resiste às opressões cotidianas. Dia de celebrar os que lutaram na Revolta dos Malês, Carrancas, Quilombo Jabaquara, Conjuração Baiana e tantas outras revoltas que varreram o país em resistência ao processo de escravização.

6. O povo preto alicerça a intelectualidade e a expressividade cultural brasileiras

Lula destacou em um dos trechos de sua fala a importância de tantos nomes que orgulham o povo negro, nas artes, na literatura, na política e na intelectualidade. 20 de novembro é dia de celebrar Abdias do Nascimento, Martinho da Vila, Benedita da Silva, Lelia Gonzalez, Luiz Gama, Machado de Assis e tantos outros.

7. Governo Bolsonaro propaga o racismo institucional

Para Lula, “o governo atual está empenhado em negar que há racismo no Brasil”. O ex-presidente vê o racismo como “filho do ódio e da intolerância”, expressão de um “mundo atrasado”. Esta postura que reafirma institucionalmente o racismo desemboca numa atmosfera permissiva a atos de violência e crueldade, como o caso de João Alberto Silveira Freitas, espancado até a morte por seguranças num Carrefour em Porto Alegre. O caso recebeu protesto destacado do ex-presidente ao final do pronunciamento.

8. Somente com políticas públicas se pode reverter o racismo estrutural

Políticas de ações afirmativas para o povo negro foram e seguem sendo muito importantes e o único caminho para reversão do racismo estrutural no Brasil. Lula ressaltou “a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, a regulação das terras quilombolas e o sistema de cotas raciais na educação pública” como oportunidades para que o povo preto mostre todo seu potencial.

9. Precisamos combater e superar o racismo

“O povo negro é muito mais forte e maior do que as elites desse país tentaram impor”, destaca Lula. O maior líder popular do Brasil conclama que “não basta não ser racista, precisamos urgentemente ser antirracistas”, destaca, associando esta condição básica a efetivação plena de nossa soberania.

Reveja a íntegra do discurso de Lula no Dia da Consciência Negra: