“Seu aniversário também é nosso.” A frase da jurista Carol Proner define o ambiente da “festa” virtual em homenagem ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Familiares, amigos, artistas, companheiros de militância lembraram que grande parte dos 75 anos de Lula, completados nesta terça-feira (27), foram dedicados a uma luta que culminou com um Brasil que figurou entre as grandes economias do mundo nos anos 2000. O programa deu voz também a pessoas que falaram com emoção sobre as mudanças sentidas em suas vidas pelos programas sociais que marcaram os governos petistas.

A live promovida pelo Comitê Nacional Lula Livre, Instituto Lula, PT e comitês de defesa da liberdade do ex-presidente promoveu uma viagem pela história da política brasileira desde os tempos da ditadura. Foi quando o líder metalúrgico surgiu para o Brasil e para o mundo. Relatos de momentos tristes, mas também de muita alegria. E sobre a energia do pernambucano que venceu a fome e a miséria – lembradas em seu discurso de posse como presidente da República em 2003 – e se tornou uma das principais lideranças políticas internacionais.

Djalma Bom, integrante da direção do Sindicato dos Metalúrgicos nos tempos da ditadura, lembrou como se surpreendia com a força daquele operário. “Esse cara não tem limite”, comentou sobre discurso de Lula de 1978, a histórica greve dos metalúrgicos, iniciada na Scania. “Por mais que os trabalhadores acreditem na diretoria do sindicato, só há um meio de os ouvidos dos patrões atenderem as reivindicações da classe trabalhadora: máquinas paradas e braços cruzados.”

Ser amigo de Lula, 75 anos

A arquiteta Clara Ant, uma das fundadoras do PT, próxima de Lula desde os tempos de movimento sindical, lembrou das peripécias para superar as dificuldades financeiras das campanhas. “Mas ele nunca desiste, e a gente não desiste. Essa energia alimenta nossa criatividade.” Ela conta que estar ao lado dele exige estar sempre alerta. Porque é exigente, mas também brincalhão. “O cara amarra a manga da sua blusa na cadeira quando você dá uma saidinha da reunião”, contou, entre risos. “Mas uma coisa que descobri é que quando ele se irrita pode ser que queira ser desafiado. Quando ele não está certo de uma coisa, ele compra briga até conseguir ser convencido. Ou não.”

Entre lágrimas, Cândido Hilário Garcia de Araújo, o Bigode, amigo dos tempos de sindicato que acompanhou Lula em suas campanhas e na Presidência da República, contou que ele sempre dizia: “Você é chorão mesmo”. O ex-metalúrgico lembrou que se emocionava com o afeto de Lula aos companheiros, mesmo depois de se tornar chefe de Estado. “Você sempre demonstrou carinho. Se tornou a caneta mais importante da América Latina e mais humano no poder. E isso eu queria te agradecer como cidadão. E pela sua capacidade de tirar o povo da pobreza”, chorou novamente Bigode, que nos 75 anos de Lula não poderia faltar.

O ex-ministro Gilberto Carvalho comentou o papel de catalisador de Lula entre os diferentes movimentos – sindical, intelectuais, esquerda organizada, igreja. “A metodologia, de organizar desorganizando. Rompendo as verdades pré-estabelecidas e buscando uma síntese. Fazendo com que pessoas sejam levadas a novos pontos de vista”, explicou. “O raciocínio do Lula não é dedutivo nem indutivo. É dialógico. Tem o método de ouvir, de preferência os contraditórios. A partir das informações ele reage, formula, propõe.”

A filha Lurian também desejou muitos aniversários ao bisavô de Analua. “São 75 anos de muita luta, muita vitória. Lembro de todos os momentos de dor que passamos, mas de muita felicidade.” Lurian lembrou o desejo de Lula, de chegar aos 120 anos. “Faltam 45 e a gente sabe que você vai superar os 120. Conto sempre como um ano a mais, nunca um a menos. Quero comemorar a vida inteira com você. E que eu possa te encher de orgulho como você é pra gente.”

Sorriso e esperança

Laura e Pedro, filhos de Renata e Fabio, o Lulinha, deram um show de fofura na mensagem para o avô. “Gosto quando a gente fica junto, é muito especial pra mim quando a gente vai pra represa, jogar bola”, disse o neto. A live exibiu, ainda, um vídeo inédito com fotos de Lula e o neto Arthur, morto enquanto o ex-presidente estava em prisão política.

A cantora Teresa Cristina, responsável por abrir a live, falou da certeza de que o Brasil vai voltar a sorrir. E dedicou a Lula a música De Volta ao Começo, de Gonzaguinha, outro “brasileiro muito forte na luta contra a desigualdade”. “Para a pessoa responsável por trazer de volta sorriso e esperança, o maior presidente que esse país já teve.”

Ao lado de Carol Proner, o cantor, compositor e escritor Chico Buarque , comemorou com o presidente e velho amigo. “Parabéns pelos 75 anos, Lula, pelos ¾ de século de uma vida que a gente sabe, não foi moleza, não. Você enfrentou poucas e boas e está aí cheio de energia e alegria de viver.”

O cantor Odair José falou em tempo de comemorar. “E desejar que na sua lista de presentes não falte vida longa, com saúde, muitas realizações e paz. Alguém já disse que a felicidade não existe, o que existe na vida são momentos felizes”, disse, ensejando ao ex-presidente momentos felizes sempre.

A atriz Beth Mendes lembrou que Lula foi o presidente que tirou o Brasil do Mapa da Fome. “Que fez ser um país com trabalho, dignidade, respeito, educação, cultura, sem violência.” Aline Calixto entoou um dos sambas prediletos do presidente, Deixa a Vida Me Levar: “Confesso que sou de origem pobre, mas meu coração é nobre, foi assim que Deus me fez”.

O depoimento de Lula

Da RBA.