Foto - Tania Regô/Agência Brasil

Operação está sendo questionada por diversas instituições, intelectuais e lideranças políticas sobre o seu real papel. Compreender seu impacto econômico é imprescindível para demonstrar o interesse principal: atacar a soberania nacional através do enfraquecimento da Petrobras e de quebra ter como marca de seu legado o desemprego em áreas estratégicas, como a construção civil. Confira o conteúdo exclusivo.

Ao iniciar em 2014, a Lava Jato ajudou a interromper, junto com outros fatores da crise capitalista, um ciclo virtuoso de desenvolvimento da economia nacional e inserção de nossas grandes indústrias no mercado global. A estimativa de desinvestimento nos setores que tem empresas alvo da operação, segundo especialistas, é de R$ 146 bilhões e o Estado brasileiro teria deixado de arrecadar em 2017, diretamente pela redução e paralisia desses setores, R$ 10 bi.

“Não tenho dúvida quanto aos efeitos econômicos nefastos da Lava Jato para a economia brasileira, mas acho que ainda está para ser devidamente avaliada os impactos que ela teve para o país”, defende o professor de economia da UFRJ Luiz Fernando de Paula.

A perda de musculatura das empresas que entraram na mira da operação teve impacto direto na queda abrupta de postos de trabalho nas indústrias de petróleo e gás ou da construção civil e contribuiu para a perda de competitividade destas empresas em mercados já conquistados, algo dificilmente recuperável.

De forma geral, a trajetória do histórico de programas econômicos empreendidos pelos governos brasileiros, salvo raros respiros nacionalistas como o de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek ou mesmo João Goulart, revela uma inclinação a um desenvolvimento dependente e condicionado por uma orientação imperialista. A novidade recente era o ciclo desenvolvimentista inaugurado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que projetou as empresas de construção civil brasileiras em mercados mundiais e tornou a Petrobras uma das mais valiosas do planeta.

Foi este ciclo que a Lava jato interrompeu, como mostram os dados apresentados pelo professor Luiz Fernando. A indústria da construção civil, por exemplo, perdeu, como resultado de anos de abate, mais de 1 milhão de postos de trabalho. “Entre 2015 e 2016, houve uma queda de receita de mais de 35% no setor da construção civil”, aponta o economista.

Para a militante do Levante Popular da Juventude e também economista, doutora pela Unicamp, Juliane Furno, a diminuição expressiva no número de vagas em empresas que se relacionavam com a cadeia de petróleo e gás é visível. Assim também visível é a diferença na participação da Petrobras na formação bruta de capital fixo, principal indicador para o desenvolvimento sustentado de um país.

“Se você reduz a formação bruta de capital fixo você está reduzindo capacidade produtiva que não vai existir no futuro, ou seja, colocando limites para as próprias possibilidades de retomada do desenvolvimento econômico pela via do investimento produtivo”, explica Juliane.

Ao visualizarmos os números, fica evidente o que representou em queda de postos de trabalho, por exemplo.

Somente no sistema Petrobras, entre 2013 e 2016 a perda de postos de trabalho formal foi de uma média de 260 mil empregos.

Segundo o livro “O espetáculo da corrupção”, de Walfrido Warde, em dezembro de 2013 tínhamos 1.059.911 trabalhadores empregados no somatório das 29 empreiteiras investigadas pela Lava Jato. Um ano depois, a cifra tinha caído mais da metade.

“Então a Lava Jato é responsável por esse grande impacto econômico, de desestruturar uma empresa estatal e essas grandes empresas, com competitividade inclusive internacional, geradora não só de emprego, mas de exportações que vão na contramão da nossa história recente de ser república de banana”, conclui Furno.