A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República utilizou o Twitter para criticar Petra Costa, a diretora de Democracia em Vertigem, documentário indicado ao Oscar 2020.

Durante uma entrevista para uma emissora americana, a cineasta fez críticas a algumas das posições do atual governo em relação a pautas ambientais, violência policial e direitos de minorias.

Na segunda-feira, 3, perfil oficial da Secom publicou um vídeo em que chama a cineasta de “militante anti-Brasil” e nega algumas de suas falas. Mais tarde, a secretaria voltou a rebater a cineasta em uma série de postagens em inglês que afirmam que Costa estaria “manchando a imagem do país” mundo afora.

Petra respondeu no mesmo tom:

Não foi único ataque destemperado ao filme ou a cineasta, que afinal, levou o Brasil a ter seu primeiro documentário indicado a maior premiação do cinema mundial e com chances reais de levar a estatueta.

Analisar o perfil de quem crítica contundentemente o filme Democracia em Vertigem diz mais sobre o sucesso do filme que o próprio documentário.

No mesmo dia, o apresentador da Globo, Pedro Bial disse que o doc “é uma ficção alucinante” e que ele deu muita risada ao ver o filme

Bial criticou a narração de Petra Costa que, na sua visão, “é miada, insuportável. “Ela fica choramingando o filme inteiro.”

A revista Veja fez uma reportagem sobre o status do filme nas casas de apostas britânicas e cravou que ele não tem chance porque na plataforma Odds Checker, se o documentário for vencedor, quem apostou nisso irá irá levar 85 vezes o valor que foi investido, o que seria um indicador de que há poucas pessoas que acreditam em sua vitória. 

Como se documentários sobre a política estrangeira de qualquer país que não seja desenvolvido tivessem alta popularidade na comparação com filmes americanos, por exemplo.

O brasileiro está entre os finalistas na categoria de Melhor Documentário e concorre com American Factory, The Cave, Honeyland e For Sama e narra os eventos que transformaram o panorama político do Brasil desde o golpe contra a então presidenta Dilma Rousseff, em 2016, culminando, em 2018, com a eleição de Jair Bolsonaro à presidência da República.

Petra imprime sua visão pessoal deste período à obra, combinando relatos do passado político e industrial de sua família e falas de lideranças antigas e atuais — entre elas, os ex-presidentes Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, que aparecem em cenas de bastidores.

O filme foi bem recebido em eventos em todo o mundo. Após sua estreia no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, o New York Times teceu elogios.

“Um documentário absolutamente vital (…) Petra usa seu filme para explicar a história complicada do Brasil e avisar que mesmo uma democracia aparentemente estável e próspera pode cair no caos em instantes”, disse o crítico Noel Murray.

A revista Variety também havia posicionado o filme em uma lista de “10 documentaristas para assistir em 2019”.

O portal norte-americano Indie Wire foi mais incisivo: “Uma visão assustadoramente pessoal sobre o início de uma ditadura de extrema-direita”.

À época de sua estreia na Netflix, o filme comoveu espectadores. Tanto Dilma quanto Lula elogiaram o trabalho e criticaram os ataques à cineasta.

As críticas a Petra e ao seu filme parece uma atualização da máxima “diga me com quem tu andas”. No caso do Democracia em Vertigem é “diga me quem critica, que eu te digo o porquê.

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