430 km separam Guarujá, no litoral paulista, de Curitiba. As segundo o Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo Lula invadiu “seu próprio triplex” enquanto estava encarcerado na sede da polícia federal na capital do Paraná.

O MPF denunciou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Guilherme Boulos, líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), pela invasão do apartamento tríplex do Guarujá, em abril de 2018.

O apartamento foi ocupado por um grupo vinculado ao MTST poucos dias após a prisão do ex-presidente em Curitiba. Mas o MPF entende que Lula e Boulos, que não estiveram presentes no apartamento, devem responder por dano de propriedade assim mesmo.

O procurador Thiago Lacerda Nobre recomendou à Justiça que o processo seja desmembrado e que o ex-presidente responda individualmente e de forma célere, prejudicando Lula ainda mais e evidenciando a sua perseguição política por vias jurídicas.

“Assim, em atenção ao princípio constitucional da rápida duração do processo, e visando a imprimir celeridade no feito, posto se tratar de delito apenado com pena branda, e cujos fatos remontam a abril/2018, requer seja recebida, desde logo, a denúncia em relação a Lula, e por conseguinte, promovido o desmembramento do feito”, afirma o procurador num trecho da peça do MPF.

Boulos reagiu nas redes sociais. Em sua conta pessoal no Twitter, o líder do MTST classificou o caso como “a nova farsa do tríplex”.

“A criminalização das lutas nunca vai nos calar”, escreveu.

Lula também se manifestou:

A justiça quer punir Boulos e Lula porque a ação do MTST no Guarujá provou com imagens que Lava Jato, em conluio com a mídia, tentou criar no imaginário popular a ideia de que trata-se de um imóvel de luxo, totalmente reformado e mobiliado com dinheiro desviado de contratos entre OAS e Petrobras – imputação que a Lava Jato não conseguiu provar, apesar de ter levado Lula à prisão.

Porta-Voz da Vaza Jato

A informação revelada nesta quinta-feira sobre a denúncia faz parte de um processo que, em tese, corre em segredo de justiça, mas foi divulgada com exclusividade pelo site Antagonista, provando mais um vez  ele funciona como porta-voz oficial da operação “lava jato”, assim como revelou as mensagens publicadas nos últimos meses pelo site The Intercept.

A promiscuidade da relação entre membros do MP e o Antagonista ficou evidente antes mesmo da última denúncia, quando as mensagens mostraram que integrantes da força-tarefa solicitaram aos jornalistas a não publicação de algumas notícias, pedido que foi acatado e revelado pelo Intercept.

Os jornalistas do Antagonista também consultaram os procuradores para saber que candidato a procurador-geral da República (PGR) eles estavam apoiando.

Os jornalistas ainda sugeriram a procuradores, com base em boatos, que investigassem fatos que pudessem atingir o PT. Foram atendidos.

Já com jornalistas de veículos não-alinhados, a atuação é outra. Ao invés de vazamentos e informações privilegiadas são feitas investigações. Dois repórteres da Folha de S. Paulo foram investigados durante a fase de inquérito que gerou esta denúncia de invasão contra o ex-presidente Lula.

A motivação é que uma repórter e um fotógrafo da Folha entraram no imóvel junto com os militantes para fazer a cobertura jornalística do ato.

De acordo com os autos revelados nesta quinta-feira, os repórteres “teriam participado da invasão do tríplex”. Mas como a acusação é absurda, o próprio MP admitiu a falta de provas.

“Assim, por ausência de indícios de autoria criminosa, o Ministério Público Federal requer o arquivamento do presente inquérito policial em relação aos [jornalistas] investigados.

A nova denúncia absurda contra Lula e Boulos repercutiu nas redes. Xonfira:


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