Fábio Wajngarten/Agência Brasil

Bolsonaro vive repetindo que seu governo acabou com a “mamata”, que a corrupção é sua inimiga, mas…não faltam casos de corrupção na sua própria equipe. O último é a descoberta escandalosa de que o chefe da Secretaria de Comunicação da Presidência da República (Secom), Fábio Wajngarten é proprietário de uma empresa – a FW Comunicação e Marketing.

A FW, fornecedora de pesquisas de mídia para o mercado, recebe dinheiro de agências e de TVs contratadas pela própria Secom, ministérios e estatais do governo Jair Bolsonaro, entre elas a Band e a Record, cujas participações na verba do governo vêm aumentando, assim como o apoio explícito a Bolsonaro.

Basicamente, a empresa onde Wajngarten detém 95% de participação  – os outros 5% pertencem a mãe dele – recebe dinheiro de emissoras e agências contratadas por ele mesmo, através da secretaria, com a verba de propaganda do governo, além de ditar as regras para as contas dos demais órgãos federais. Só no ano passado, a Secom gastou R$ 197 milhões em campanhas de publicidade. Ou seja, Wajngarten paga com o dinheiro público a empresas que pagam a ele.

Obviamente, a legislação proíbe integrantes da cúpula do governo de manter negócios com pessoas físicas ou jurídicas que possam ser afetadas por suas decisões. Mas isso não parece incomodar o atual presidente, pelo contrário.

Sobre o escândalo, Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira, 16, que Fabio Wajngarten permanecerá no cargo. “Se foi ilegal, a gente vê lá na frente. Mas, pelo que vi até agora, está tudo legal, vai continuar. Excelente profissional”.

Batom na cueca

A agenda pública do chefe da Secom registra a realização de mais de 450 compromissos desde que ele assumiu o cargo, em abril do ano passado.

Nomes ligados às emissoras e afiliadas de TV Record, SBT, Band e Rede TV! constam em 62 compromissos listados na agenda oficial do indicado de Bolsonaro e em suas viagens para fora de Brasília, custeadas com dinheiro público. Os outros 5 foram com integrantes da agência Artplan, agência contratada pelo governo e que, ao mesmo tempo, paga pelos serviços da empresa do chefe da Secom.

Na lista de clientes ou ex-clientes de Wajngarten estão as TVs Record e SBT, com 21 e 19 encontros, respectivamente. Seus donos, Edir Macedo (Record) e Silvio Santos (SBT), têm manifestado apoio a Bolsonaro. A TV Globo, foco de críticas do secretário e do presidente Jair Bolsonaro, aparece em três encontros, os últimos realizados em julho do ano passado.

Representantes de Band e Rede TV! tiveram 11 encontros, cada um, com o chefe da Secom desde abril.

Atualmente, record e Band possuem contrato em vigor com a empresa de Wajngarten.

“Mas a culpa é do jornalismo”

O chefe da Secom afirmou não haver “nenhum conflito” de interesses em manter negócios com empresas que a secretaria e outros órgãos do governo Bolsonaro contratam.

Em nota publicada, a Secom atacou o jornal Folha de S.Paulo, que revelou a legalidade em reportagem, acusando-o de fazer “mau jornalismo”, e disse que Wajngarten se afastou da gestão da empresa ates de assumir o cargo, nomeando um administrador para a organização.

“Todos os contratos existem há muitos anos e muito antes de sua ligação com o poder público”, afirmou a nota.

Já o TCU (Tribunal de Contas da União) investiga possível distribuição das verbas oficiais por critérios políticos, de forma a favorecer TVs alinhadas com o governo.

Os programas dos apresentadores Datena (Band) e Ratinho (SBT), escolhidos recorrentemente por Bolsonaro para dar entrevistas em que defende medidas de sua gestão vêm sendo contemplados com dinheiro para merchandising (propaganda inserida nas atrações).

O PSOL protocolou na Justiça do Distrito Federal pedindo a revogação imediata da nomeação do secretário e do secretário-adjunto da Secom, também sócio da FW. A legenda também requer a anulação de todos os atos administrativos assinados por Wajngarten desde que assumiu o cargo. Já o PT,  fez representações junto ao Ministério Público Federal e à Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP).

“Fica claro que a corrupção está dentro do governo, dentro do Palácio, mas o Bolsonaro, cinicamente, continua negando isso e não tomando as providências devidas. A primeira medida deveria ser a demissão do Wajngarten. Tem um desgaste do governo que ele banca porque o Fabio é uma das figuras-chave na produção de fake news e no arranjo que o governo está fazendo com emissoras que o apoiam integralmente”, critica Ivan Valente, do PSol.

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