Haddad em caravana pela Amazônia faz defesa da liberdade de Lula
O ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad está na Amazônia. A caravana, que já percorreu o Sul e o Sudeste em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou nesta quinta-feira (23) à região Norte do Brasil.
A comitiva visitará as cidades de Manaus, Santarém, Belém do Pará e Concórdia.
O objetivo, além de levar a mensagem sobre a importância de Lula livre para a democracia brasileira, é estar ao lado do povo na luta contra a reforma da Previdência e em defesa da educação e das universidades públicas, duramente atacadas pelos cortes de recursos promovidos pelo ministro Abraham Weintraub e o governo Jair Bolsonaro.
Logo pela manhã, Haddad visitou a fábrica da Honda, na Zona Franca de Manaus. O polo industrial, reestruturado a partir do governo Lula, está sob ameaça no atual governo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou mais de uma vez a intenção de mudar a relação com a Zona Franca e privilegiar outros estados zerando impostos como o sobre produtos industrializados (IPI).
“Quem ataca a Zona Franca de Manaus não entende nada de economia”, contestou Hadadd, lembrando que se os incentivos fiscais à região não forem estimulados, o estado acabará criando mais pobreza e não riqueza como sempre fez ao longo de décadas. “Se Paulo Guedes continuar ameaçando a Zona Franca, como está, vão desindustrializar a região e abrir espaço para um tipo de atividade econômica mais predatória. O emprego industrial é o caminho para salvar o ambiente e produzir com tecnologia e ciência empregos de qualidade e sustentabilidade.”
Ex-ministro da Educação, Haddad destacou a importância das universidades e institutos federais públicos para a região. “Sem a produção de ciência não haverá recursos humanos para atrair investimentos à Zona Franca. Temos de combinar um plano de desenvolvimento para a Amazônia. Mas hoje o que existe é a ameaça de liquidar o que sobrou.”
A observação de um repórter, sobre a possibilidade aventada por Bolsonaro de explorar, compartilhar a Amazônia com os EUA, foi classificada por Haddad como “falta de juízo”. “Isso é soberania nacional. Ele se elegeu por quatro anos, não tem liberdade de ficar negociando partes do território brasileiro.”
Para Haddad, o aumento recorde do desmatamento e a liberação de dezenas de agrotóxicos evidenciam uma “concepção antiga de economia” nesse governo. “Emprego gerado com desmatamento, com exploração mineral em área de reserva ambiental, em reserva indígena, isso não se faz mais, é uma visão muito arcaica e nós temos que defender o meio ambiente.”
Barqueata para ouvir o povo
Uma barqueata seguiu a caravana pelo Rio Negro, até o encontro das águas com o Solimões. O vice-presidente Nacional do PT e coordenador da caravana, Marcio Macedo, relata que durante o trajeto intelectuais, professores, ambientalistas fizeram um debate com Haddad sobre a região e a tentativa do Bolsonaro de incentivar o agronegócio em detrimento da preservação ambiental. “Também sobre os riscos que corre a biodiversidade brasileira com essas políticas. Nosso patrimônio brasileiro precisa ser preservado com políticas públicas eficientes e que hoje estão claramente em risco.”
Haddad ouviu as demandas do povo manauara a respeito da educação, as questões indígenas, os movimentos de mulheres e o desenvolvimento econômico do Amazonas. “Estou aqui pra ouvir vocês e aprender, para saber o que bancada do PT pode fazer no Congresso para defender essa agenda progressista e impedir retrocessos”, declarou.
A cidade de Manaus, por exemplo, possui o maior empreendimento do Minha Casa Minha Vida. Inaugurado em 2014 pela presidenta Dilma Rousseff, o residencial Viver Melhor 2 possui 5.384 unidades habitacionais e beneficia ao menos 21 mil pessoas.
Haddad lembrou, ainda, os investimentos dos governos petistas no Luz para Todos, no transporte das comunidades ribeirinhas, na educação. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) – onde a caravana encerra as atividades desta quinta, com um ato em defesa da educação – teve o número de vagas triplicado durante os governos petistas, com inauguração de novos campi.
“Temos que proteger este patrimônio educacional do nosso estado. No dia da paralisação da educação, no dia 15, mais de 30 mil pessoas saíram às ruas. Aqui no Amazonas as mudanças que houve quando ele era ministro e Lula presidente são inquestionáveis”, afirmou o secretário de comunicação do PT-AM, Moisés Aragão.